Mortes por metanol em SP: autoridades lançam alerta urgente

29

setembro

O Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS) confirmou, neste sábado, 27 de setembro de 2025, duas mortes causadas por metanol desde junho do mesmo ano, uma em São Bernardo do Campo e outra na capital São Paulo. O episódio reacendeu o alerta sobre bebidas alcoólicas adulteradas, que já haviam tirado a vida de consumidores em outras regiões brasileiras.

Contexto e histórico das intoxicações

Desde junho de 2025, o Estado de São Paulo registra seis casos confirmados de intoxicação por metanol e mais dez sob investigação. A maioria das ocorrências está ligada ao consumo de bebidas falsificadas em bares, restaurantes e até mesmo em plataformas de entrega. O Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo já havia alertado em março de 2025 sobre a presença de substâncias tóxicas em produtos alcoólicos de procedência duvidosa.

Detalhes dos casos confirmados

Os dois óbitos confirmados envolveram adultos de 30 a 45 anos que apresentaram sintomas graves – dores de cabeça intensas, visão turva e insuficiência renal – após ingerir uma quantidade estimada de 30 ml de metanol, dose que pode ser fatal. Além deles, quatro jovens entre 23 e 27 anos foram hospitalizados em 1º de setembro de 2025, após consumirem duas garrafas de gin em um bar da capital. Eles ainda se recuperam, mas permanecem sob monitoramento intensivo.

Os demais casos em investigação incluem relatos de consumidores que sentiram náuseas, vômitos e perda de consciência depois de beber cervejas artesanais de marcas pouco conhecidas. O padrão parece ser a falta de lacre de segurança e rótulos ilegíveis, sinais típicos de produção clandestina.

Investigação e suspeita de envolvimento da PCC

A Civil Police de São Paulo está colhendo depoimentos e analisando amostras de bebidas apreendidas. Em entrevista, o delegado responsável, Dr. Carlos Alberto de Souza, afirmou que quatro das investigações apontam para um grupo de jovens que compraram o gin em um estabelecimento sem CNPJ regular.

Uma associação de moradores levantou a hipótese de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria por trás da importação ilegal de metanol, repassando o químico a fábricas clandestinas que o misturam ao álcool etílico para aumentar o volume e o teor alcoólico. Embora ainda não haja prova documental, o suspeito tem gerado preocupação entre autoridades de segurança pública.

Recomendações das autoridades de saúde

Recomendações das autoridades de saúde

Em resposta à sequência de casos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) publicou, neste sábado, uma nota de urgência para bares, restaurantes, hotéis, mercados, e‑commerce e aplicativos de entrega. A orientação reforça a necessidade de adquirir bebidas apenas de fornecedores legalizados, com CNPJ ativo, notas fiscais e selo de segurança fiscal.

O Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) também emitiram um comunicado técnico, listando oito sinais de alerta: lacre violado, rótulo desbotado, ausência de informações do fabricante, número de lote irregular e falta de identificação do importador.

Os estabelecimentos são instruídos a:

  1. Verificar a procedência dos produtos antes de receber entregas;
  2. Exigir chave de segurança da Receita Federal;
  3. Recusar embalagens com lacre rompido ou rótulo amassado;
  4. Manter registros de fornecedor por, no mínimo, dois anos.

Impactos e perspectivas futuras

Além do luto pelas duas famílias, o caso evidencia fragilidades na cadeia de fornecimento de bebidas alcoólicas no estado. Analistas de mercado apontam que a demanda por drinks artesanais a preços competitivos tem incentivado a atuação de “coberturas ilegais”, que acabam recorrendo ao metanol como matéria‑prima barata.

Especialistas em toxicologia, como a Dra. Fernanda Lemos da Universidade de São Paulo (USP), alertam que pequenas quantidades de metanol podem causar cegueira permanente. "A população precisa estar atenta aos sinais: cheiro forte, sensação de queimação no peito e a presença de borrifos de líquido transparente sem cor são indícios de adulteração", afirma.

O Ministério da Saúde planeja intensificar o programa de vigilância sanitária nos próximos meses, com foco em municípios da Grande SP. Enquanto isso, a população é encorajada a denunciar estabelecimentos suspeitos pelo telefone 190 ou pelo aplicativo “Denúncia Online”.

Ficha de fatos

  • 2 mortes confirmadas (São Bernardo do Campo e São Paulo);
  • 6 casos confirmados e 10 sob investigação desde junho/2025;
  • 4 jovens hospitalizados após consumir gin adulterado em 01/09/2025;
  • Suspeita de envolvimento do PCC na importação de metanol;
  • Recomendações de 13 entidades de saúde e segurança pública.
Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Como saber se a bebida que estou comprando está adulterada?

Observe o lacre de segurança: se estiver violado, a garrafa pode ser falsificada. Rótulos desbotados, ausência de número de lote e falta de informações do fabricante são sinais de alerta. Também desconfie de preços muito abaixo do mercado.

Quem está sendo investigado nesse caso?

A Civil Police de São Paulo está analisando bares, distribuidores e fornecedores suspeitos. Há indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria fornecido o metanol para fábricas clandestinas.

Qual a diferença entre metanol e etanol?

O etanol é o álcool consumido em bebidas e considerado seguro em doses moderadas. O metanol, por outro lado, é tóxico; mesmo pequenas quantidades podem causar cegueira ou morte, pois o organismo o converte em formaldeído e ácido fórmico.

O que as autoridades recomendam para estabelecimentos?

A recomendação é comprar exclusivamente de fornecedores com CNPJ regular, exigir nota fiscal e verificar o selo de segurança fiscal. Qualquer embalagem sem lacre ou com rótulo ilegível deve ser recusada. Também é indicado instaurar rastreabilidade interna.

Qual o próximo passo das investigações?

Nos próximos dias, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo pretende ampliar a coleta de amostras em toda a região metropolitana, enquanto a Civil Police segue com prisões de supostos distribuidores e busca o responsável pelo fornecimento do metanol.

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