O Palmeiras confirmou sua hegemonia no futebol feminino paulista ao levar o tetracampeonato do Paulistão Feminino 2025 no domingo, 14 de dezembro de 2025, mesmo perdendo o jogo de volta por 1 a 0 no Estádio do Canindé, em São Paulo. A vantagem construída no primeiro jogo — uma vitória esmagadora por 5 a 1 na Arena Barueri em 7 de dezembro — foi suficiente para selar o título. O resultado não foi surpresa para quem acompanha a evolução do time desde 2022, mas ainda assim deixou os torcedores corintianos com um gosto amargo: mais uma final perdida, mais um título que escorregou entre os dedos.
Um jogo de pressão e frustração
O segundo jogo da final foi uma prova de força e nervosismo. O Corinthians, comandado pelo técnico Lucas Piccinato, precisava vencer por quatro gols para inverter a situação. O time entrou em campo com tudo: pressão alta, jogadas rápidas e uma determinação que só se vê em finais. Mas a precisão faltou. Segundo a Agência Brasil/EBC, o Corinthians teve menos de 70% de acerto nos passes no primeiro tempo e só criou uma chance clara nos acréscimos — quando a atacante Vic Albuquerque acertou a trave direita após um lançamento da volante Duda Sampaio. A bola rolou lenta, quase como se o tempo tivesse parado. A torcida respirou fundo. O gol não veio.Na etapa final, aos cinco minutos, o Corinthians finalmente abriu o placar. Após cruzamento pela esquerda, a goleira Kate Tapia deixou a bola escapar nos pés da meia Gabi Zanotti, que foi derrubada pela zagueira Pati Maldaner. O pênalti foi marcado e Gabi cobrou com calma: 1 a 0. Era o primeiro gol do Corinthians na decisão. Mas era também o único que importava — e mesmo assim, insuficiente.
Organização e frieza: a assinatura do Palmeiras
Enquanto o Corinthians se desdobrava para buscar o impossível, o Palmeiras se manteve compacto, organizado e perigoso nos contra-ataques. A técnica Rosana Augusto, que já havia liderado o time ao tri no ano anterior, montou um esquema defensivo quase perfeito. A equipe não apenas resistiu: jogou com inteligência, controlando o ritmo e evitando erros. O time alviverde chegou a quase ampliar o placar aos 42 minutos do segundo tempo. A atacante Greicy Landazury cruzou da direita, e a volante Joselyn Espilanes mandou de voleio para o fundo das redes. O árbitro apitou o gol — mas a bandeira subiu. Impedimento. Ninguém reclamou. O Palmeiras sabia: o título já estava em casa.Um histórico que não se apaga
Este é o quarto título consecutivo do Palmeiras no Paulistão Feminino. Em 2022, o time venceu o São Paulo por 3 a 1 no agregado. Em 2023, superou o São Paulo novamente, por 4 a 2. Em 2024, foi a vez do Corinthians cair na final — por 3 a 1. E agora, em 2025, a mesma história se repete, só que com um placar ainda mais expressivo no primeiro jogo. A Arena Barueri virou um santuário para as palestrinas: 5 a 1 foi uma humilhação técnica e tática para o Corinthians, que não conseguiu conter a eficiência de Amanda, que marcou dois gols na ida, nem a precisão de Larissa, que assinalou o terceiro.O Corinthians, por sua vez, segue como um time de grandes conquistas — campeão da Libertadores em 2024 e do Brasileirão em 2023 — mas com uma sombra que persiste: a final do Paulistão. Em 2023, perdeu para o Palmeiras por 2 a 1 no agregado. Em 2024, foi derrotado por 3 a 1. E agora, em 2025, venceu o jogo de volta, mas perdeu o título por causa de uma derrota de cinco gols no primeiro jogo. A pergunta que fica: será que a equipe tem estrutura para superar essa barreira psicológica?
Transmissão, audiência e legado
O jogo de volta foi transmitido ao vivo pela Record News, que registrou mais de 11 mil visualizações no vídeo da partida no YouTube. A cobertura mostrou uma torcida mista no Canindé: muitas camisas brancas e pretas, mas também muitas verde e brancas — que não precisavam gritar para celebrar. O título do Palmeiras foi comemorado com serenidade, quase como se já estivesse escrito no calendário. E talvez esteja. Desde 2022, o time feminino da casa tem sido o mais consistente, o mais profissional, o mais bem estruturado. O Corinthians tem talento. O Palmeiras tem história.Qual o próximo passo?
Com o título estadual garantido, o Palmeiras agora se volta para a Copa do Brasil Feminina, que começa em fevereiro, e para a preparação da Libertadores Feminina de 2026. A diretoria já sinalizou intenção de reforçar o meio-campo e a defesa, especialmente após a lesão da zagueira Pati Maldaner no segundo tempo da final. Já o Corinthians, que perdeu a final estadual pela quarta vez em quatro anos, precisa repensar sua estratégia de investimento. O técnico Lucas Piccinato, por enquanto, segue no cargo — mas a pressão aumenta.Frequently Asked Questions
Como o Palmeiras conseguiu manter a vantagem mesmo perdendo o jogo de volta?
O Palmeiras venceu o primeiro jogo por 5 a 1 na Arena Barueri, criando uma vantagem de quatro gols. Mesmo perdendo o jogo de volta por 1 a 0, o placar agregado de 5 a 2 foi suficiente para garantir o título. No futebol, o placar acumulado conta mais que o resultado isolado da partida final — e o time alviverde soube administrar essa vantagem com disciplina tática e contenção defensiva.
Por que o Corinthians não conseguiu superar a desvantagem mesmo com vitória no Canindé?
Para virar o placar, o Corinthians precisaria vencer por pelo menos quatro gols de diferença. Mesmo com o gol de Gabi Zanotti, a equipe não conseguiu marcar mais, nem criar chances claras. A defesa do Palmeiras, organizada por Rosana Augusto, foi impenetrável nos momentos decisivos. Além disso, a equipe corintiana foi imprecisa nos passes e nas finalizações, com menos de 70% de acerto no primeiro tempo, o que limitou sua capacidade de pressão constante.
Qual é a importância desse tetra para o futebol feminino no Brasil?
O tetracampeonato do Palmeiras consolida o time como a maior potência do futebol feminino estadual nos últimos anos, superando até mesmo clubes com grandes investimentos. Essa regularidade mostra que o sucesso não depende só de dinheiro, mas de estrutura, continuidade técnica e gestão profissional. O título também serve de inspiração para outras equipes, demonstrando que a consistência pode vencer o talento isolado.
O que o Corinthians precisa mudar para vencer o Palmeiras em uma final?
O Corinthians precisa de mais consistência no primeiro jogo das finais, evitando derrotas por grandes margens. Também precisa melhorar a eficiência ofensiva em jogos fora de casa — hoje, o time é muito mais agressivo no Canindé, mas perde eficácia em estádios adversários. A equipe deve investir em jogadoras com mais experiência em finais e em um planejamento tático que não dependa apenas da pressão do público.
Quem foram as principais jogadoras do Palmeiras na final?
A goleira Kate Tapia foi fundamental, com defesas cruciais no segundo tempo. A zagueira Pati Maldaner, apesar de cometer o pênalti, liderou a defesa com autoridade. Já a meia Joselyn Espilanes, mesmo com o gol anulado, foi a principal ligação entre defesa e ataque. No primeiro jogo, Amanda e Larissa foram decisivas com os gols, mas na final, o coletivo prevaleceu — e foi isso que fez a diferença.
O Palmeiras já conquistou outros títulos nacionais recentemente?
Sim. Além dos quatro títulos estaduais consecutivos, o Palmeiras foi campeão brasileiro em 2023 e chegou à final da Libertadores em 2024, perdendo para o São Paulo por 3 a 2 no agregado. O time é hoje o mais constante do Brasil no feminino, mas ainda busca seu primeiro título continental — e com esse tetra, a ambição é clara: 2026 pode ser o ano da consagração nacional e continental.