Caixa endurece crédito imobiliário em 2024 e reverte regras em 2025

12

outubro

Quando Caixa Econômica Federal (banco estatal que concentra cerca de 70% dos financiamentos habitacionais do Brasil) anunciou novas restrições a partir de , o mercado sentiu o aperto.

O novo modelo eleva a entrada mínima e reduz o percentual financiado via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que utiliza recursos da caderneta de poupança para conceder crédito. Além disso, a Caixa passou a exigir que o candidato não possua outro financiamento habitacional ativo com a instituição.

Contexto histórico e papel da Caixa no setor habitacional

Desde a criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) na década de 1960, a Caixa tem sido a principal operadora de crédito para a compra de imóveis residenciais. Em 2023, a instituição já financiava quase 2,4 milhões de unidades, movimentando mais de R$ 250 bilhões. Essa dominância explica o peso das mudanças anunciadas em 2024.

O governo federal, por meio do Ministério das Cidades, tem buscado equilibrar a oferta de crédito com a necessidade de conter riscos de inadimplência, sobretudo após a alta dos juros em 2022‑2023.

Novas regras implantadas em 2024

Para quem opta pelo sistema de amortização constante (SAC), a entrada subiu de 20% para 30% do valor do imóvel. Já no sistema Price – parcelas fixas durante todo o período – a exigência saltou de 30% para 50%.

  • SAC: entrada de 30% e financiamento de até 70% do valor.
  • Price: entrada de 50% e financiamento de até 50% do valor.
  • Proibição de novos empréstimos para quem já possui financiamento ativo com a Caixa.

Essas medidas foram justificadas como forma de proteger a carteira de crédito habitacional, que naquele trimestre já havia ultrapassado o orçamento aprovado.

Reversão parcial das restrições em 2025

Reversão parcial das restrições em 2025

Em , Carlos Vieira, presidente da Caixa, anunciou, durante evento em São Paulo com a presença do presidente Lula, a retomada do financiamento de até 80% do valor dos imóveis via SBPE.

"Precisamos ampliar o acesso à casa própria sem colocar em risco a sustentabilidade da nossa carteira", disse Vieira.

Além da maior capacidade de financiamento, o teto do SFH foi elevado de R$ 1,5 milhão (valor congelado desde 2018) para R$ 2,25 milhões. O ajuste foi aprovado com apoio do Ministério da Fazenda, da Câmara dos Deputados e do Banco Central.

O Jader Filho, ministro das Cidades, comentou que o novo modelo permitirá a contratação de 80 mil unidades adicionais até o fim de 2026, injetando ao menos R$ 20 bilhões em novos financiamentos.

Impactos imediatos e perspectivas

A restrição de 2024 frenou a demanda, sobretudo entre compradores de primeira viagem que antes contavam com entrada mais baixa. Corretoras relataram queda de até 15% nas propostas de compra nos primeiros dois meses.

Com a reversão de 2025, espera‑se um rebote: a Caixa projeta conceder 1,2 milhão de novos contratos entre 2025 e 2027, o que representaria cerca de R$ 180 bilhões em crédito.

Especialistas apontam que o aumento do teto do SFH pode reativar mercados ainda estagnados, como o interior de Minas Gerais e o Nordeste, onde o preço médio dos imóveis costuma ficar abaixo do novo limite.

Entretanto, o risco de inadimplência permanece. O analista do Itaú BBA, Pedro Martins, alerta que "a expansão rápida deve ser acompanhada de políticas de avaliação criteriosa de crédito, sob pena de criar bolhas em regiões de alta vulnerabilidade".

Próximos passos e fase de testes

Próximos passos e fase de testes

O modelo de 80% será testado até o fim de 2026. Se os indicadores de risco permanecerem dentro das metas estabelecidas, a implementação completa está prevista para 2027.

Durante o período de teste, a Caixa deve publicar relatórios trimestrais com indicadores de concessão, taxa de aprovação e nível de inadimplência, permitindo ao Banco Central monitorar a eficácia da política.

Perguntas Frequentes

Como as novas exigências de entrada afetam quem compra o primeiro imóvel?

Para quem ainda não tem poupança suficiente, a elevação da entrada de 20% para 30% (SAC) ou de 30% para 50% (Price) pode tornar a compra inviável nos primeiros meses, exigindo mais tempo de preparação financeira ou busca por fontes de recurso adicionais, como o FGTS.

Qual a diferença entre o sistema SAC e o Price nos novos critérios?

No SAC, as parcelas decrescem ao longo do tempo, o que alivia o fluxo de caixa futuro, mas exige uma entrada maior (30%). No Price, as parcelas permanecem fixas, mas a entrada sobe para 50%, reduzindo o saldo financiado e o risco para o banco.

O que mudou no teto do SFH e quem pode se beneficiar?

O teto passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Assim, famílias que antes ficavam acima do limite – principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro – agora podem usar o FGTS para financiar até 80% do imóvel, ampliando o poder de compra.

Qual o papel do Ministério das Cidades nas mudanças anunciadas?

O Ministério das Cidades, por meio do ministro Jader Filho, coordenou a política de expansão de crédito, estabelecendo metas de 80 mil unidades adicionais até 2026 e garantindo a injecção de R$ 20 bilhões em financiamento.

Quais são os riscos de inadimplência com a retomada de financiamento de 80%?

O aumento da proporção financiada eleva o montante a ser pago pelos mutuários, podendo pressionar bolsos mais vulneráveis. Analistas apontam que, sem uma avaliação de crédito rigorosa, a expansão rápida pode gerar concentração de risco em regiões com menor poder aquisitivo.

17 Comentários

Workshop Factor
Workshop Factor
12 out 2025

Mais uma tentativa de aprisionar o cidadão comum com regras kafkianas.

Camila Medeiros
Camila Medeiros
14 out 2025

O endurecimento do crédito vem como um reflexo direto da pressão inflacionária que o país tem suportado nos últimos anos.
As famílias de baixa renda, que já sofrem para juntar a poupança, veem agora a porta de entrada para a casa própria se estreitar ainda mais.
O aumento da entrada de 30% no SAC e 50% no Price inviabiliza a maioria dos primeiro compradores que dependem de um aporte menor.
Essa medida, embora anunciada como cautela para o risco de inadimplência, acaba por celebrar a exclusão habitacional.
Quando a própria Caixa, que domina 70% do mercado, impõe barreiras tão rígidas, o efeito colateral é a congestão do setor imobiliário.
Corretoras relataram queda de até quinze por cento nas propostas, número que indica que a demanda perdeu fôlego.
Por outro lado, a suspensão de novos financiamentos para quem já tem dívida com a Caixa pode gerar uma circulação de crédito ainda mais limitada.
A previsão de que a reversão em 2025 trará financiamento de até 80% ainda é incerta, considerando a necessidade de aprovação de relatórios trimestrais.
Enquanto os indicadores de risco não forem transparentes, investidores e compradores permanecem receosos.
O aumento do teto do SFH para 2,25 milhões parece uma solução superficial, já que o acesso ao financiamento ainda está condicionado a altas entradas.
Famílias do interior de Minas ou do Nordeste, onde os valores médios dos imóveis são menores, podem se beneficiar, mas somente se houver renda suficiente para a entrada.
Se a política não for acompanhada de avaliação criteriosa, corre‑se o risco de criar bolhas em regiões vulneráveis.
O analista do Itaú BBA já alertou que a expansão rápida deve ser monitorada de perto.
Assim, a credibilidade da Caixa como agente de inclusão habitacional está em jogo, e a sociedade civil deve cobrar maior transparência.
Em suma, a política de crédito deve equilibrar proteção ao sistema financeiro com o direito à moradia, sem transformar a casa própria em um privilégio de poucos.

Marcus Rodriguez
Marcus Rodriguez
17 out 2025

O lance da Caixa tá tal que parece que só os ricos vão conseguir comprar imóvel agora. A galera de boa, que já tem dinheiro guardado, vai estar bem, mas o resto vai ficar só olhando. Não é justo que a gente tenha que guardar por anos pra conseguir 30% de entrada. Ainda tem quem já tem financiamento e agora não pode nem pedir outro. É um caos total, só falta fechar as portas.

Igor Franzini
Igor Franzini
20 out 2025

Oi galera, vi as novas regras da Caixa e fiquei meio confuso. A entrada subiu pra 30% no SAC, e 50% no Price, isso é muito pra quem ainda tá juntando dinheiro. Além disso, não dá mais pra fazer outro empréstimo se já tem um ativo, né? Acho que vão perder muitos clientes, mas vejo que o banco tá tentando se proteger.

Henrique Lopes
Henrique Lopes
23 out 2025

Bom, parece que a Caixa resolveu jogar duro, mas quem sabe isso não dê um empurrãozinho na galera pra economizar mais, né? Afinal, se a gente quiser casa própria, tem que ralar um pouco mais. Quem sabe a pressão não faz o mercado se adaptar e surgem novas opções de financiamento. No fim, tudo se ajeita.

joao teixeira
joao teixeira
25 out 2025

É óbvio que essa medida não saiu da cabeça da Caixa sozinha; tem todo um plano maior entre o Banco Central e os investidores internacionais para segurar o fluxo de caixa. Eles querem manipular a taxa de juros e usar o crédito habitacional como alavanca. Cada mudança parece um movimento coordenado para proteger os grandes bancos e deixar o povo na fila. E ainda falam que é por risco de inadimplência, mas quem controla o crédito controla o poder.

Rodolfo Nascimento
Rodolfo Nascimento
28 out 2025

Concordo, mas o fato é que a Caixa tem dados internos que mostram o nível de risco real. Se a inadimplência subir, o sistema inteiro pode desabar. :)

Marcela Sonim
Marcela Sonim
31 out 2025

Olha, a sua análise está bem resumida, mas falta reconhecer que há pressão política por trás dessas decisões. 🤔💡

Bárbara Dias
Bárbara Dias
3 nov 2025

Interessante, realmente, as mudanças na política de crédito, são complexas, e afetam diferentes perfis de compradores, especialmente aqueles que dependem de financiamento.

Gustavo Tavares
Gustavo Tavares
5 nov 2025

É, a caixa tá puxando um carroça de ferro que vai despencar se não cuidarem da base. Essa situação tá parecendo novela mexicana, cheia de reviravoltas e intrigas. Enquanto isso, o cidadão comum só vê a porta fechar e o bolso apertar. Se não houver monitoramento rigoroso, vamos acabar numa crise de moradia que ninguém quer.

Jaqueline Dias
Jaqueline Dias
8 nov 2025

Entendo o ponto de vista, mas ainda há espaço para discussões construtivas sobre como melhorar o acesso à casa própria. Vamos tentar encontrar soluções que atendam tanto ao banco quanto aos compradores.

Gustavo Manzalli
Gustavo Manzalli
11 nov 2025

É necessário que haja mais transparência nos critérios de avaliação de risco, caso contrário o mercado ficará estagnado.

Vania Rodrigues
Vania Rodrigues
14 nov 2025

As recentes alterações trazem implicações significativas para a estabilidade financeira do setor habitacional; a análise cuidadosa dos indicadores será crucial. :)

Paulo Viveiros Costa
Paulo Viveiros Costa
16 nov 2025

tô achando q as regras tão meio baratas demais pra quem tem pouco grana, mas talvez ajude a segurar o banco.

Luciano Silveira
Luciano Silveira
19 nov 2025

Concordo, realmente, a medida pode ter efeitos mistos; vamos observar como os números evoluem nos próximos meses. 😊

Carolinne Reis
Carolinne Reis
22 nov 2025

Ah, claro, porque colocar mais burocracia resolve tudo - ô, que ideia genial! ;)

João e Fabiana Nascimento
João e Fabiana Nascimento
25 nov 2025

Observando o conjunto de mudanças, percebo que a política de crédito habitacional busca equilibrar risco e acesso, porém a eficácia dependerá da implementação dos testes e da transparência dos relatórios trimestrais. Assim, acompanha‑se a necessidade de avaliações contínuas para prevenir possíveis desequilíbrios no mercado.

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