Quando um pediatra pega um ukulele e começa a tocar no meio da ala de oncologia, poucos imaginam que o momento pode virar febre mundial. Foi exatamente isso que aconteceu no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP): o médico Paulo Martins, ao perceber a energia da pequena Sophia, resolveu animar o ambiente com uma melodia simples. A cena – a criança, de apenas 1 ano e quatro meses, balançando ao som do instrumento – foi capturada por uma equipe de enfermagem e, em poucos dias, o vídeo ultrapassou 9 milhões de visualizações.
Quase um mês depois da explosão nas redes, Paulo Martins voltou ao hospital e encontrou Sophia e seus pais na mesma sala onde tudo aconteceu. O encontro foi breve, mas carregado de emoção. "Ainda não consigo acreditar no que o vídeo gerou nas redes", conta a mãe de Sophia, que relata ainda sentir o furor dos comentários e mensagens de apoio que chegaram de todo o Brasil.
Para o pediatra, o momento foi um lembrete de como a humanidade pode se unir em torno de um simples gesto de ternura. "O vídeo realmente transmitiu a sensação que estava ali naquele instante – paz, tranquilidade, um sentimento de amor. Foi isso que a população abraçou, porque desviou o foco da doença e trouxe um momento de serenidade que todos precisavam", explica Paulo.
Talvez o segredo esteja na contradição aparente: em meio a sessões de quimioterapia e ao diagnóstico de vídeo viral, a cena mostrava uma criança normal, rindo e se divertindo. Sophia tem Langerhans cell histiocytosis, uma condição rara que provoca manchas na pele e exige tratamento intensivo. Apesar da gravidade, a menina não ficou intimidada pelas câmeras – ela simplesmente começou a dançar ao som do ukulele, como se estivesse em casa.
A reação global foi de empatia instantânea. Comentários de usuários relatavam histórias parecidas, enquanto médicos do Brasil e de outros países elogiaram a iniciativa de Paulo por trazer humanidade ao ambiente hospitalar. Muitos apontaram que momentos como esse ajudam a reduzir o estresse de crianças em tratamento oncológico, mostrando que a alegria ainda pode encontrar espaço entre agulhas e remédios.
Além disso, a divulgação massiva abriu portas para a família de Sophia. Eles receberam auxílio de instituições que oferecem apoio a pacientes com histiocitose, bem como convite para participar de campanhas de conscientização sobre a doença. O hospital, por sua vez, registrou um aumento no número de visitas de voluntários que desejam levar música e arte aos pacientes.
O reencontro no hospital não marcou apenas o fim de um capítulo viral, mas também o início de uma nova fase de apoio contínuo. Paulo Martins planeja voltar periodicamente ao setor, levando o ukulele para novos pacientes. "Se a música pode mudar o clima de um quarto e trazer conforto, então vale a pena seguir tocando", afirma.
Enquanto Sophia segue com seu tratamento quimioterápico, a família mantém a esperança alimentada por cada mensagem de carinho que chega. Eles ainda não sabem quantas visualizações o vídeo acumulará, mas reconhecem que o impacto real está nas vidas que foram tocadas por aquela breve melodia.
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