Prefeitura de Palmas multa BRK Ambiental em R$ 195,9 mil por 20 dias sem água

7

outubro

Quando Prefeitura de Palmas aplicou uma multa de R$ 195.888,00 à concessionária de saneamento, a cidade se viu novamente no centro de um debate que mistura direito do consumidor, política local e gestão de recursos essenciais.

Contexto da regulação de saneamento em Palmas

A Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas (ARP) tem a missão de garantir que serviços como água, luz e coleta de lixo sejam prestados de forma contínua e com qualidade. Desde que a BRK Ambiental assumiu a concessão de abastecimento de água em 2015, a relação com o poder público tem sido marcada por reclamações de usuários e processos de fiscalização.

Em dezembro de 2024, a Câmara Municipal de Palmas concluiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPIPalmas que apontou irregularidades contratuais e falta de fiscalização da concessionária.

Detalhes da multa e da interrupção de água

O auto de infração nº 012/2025 descreve a “descontinuidade injustificada do serviço de abastecimento de água” em oito bairros da região norte: Sonho Meu, Cardeal, Aconchego, São Francisco, Mariana, Jaú 4ª Etapa, Mirante e Village Park. Moradores relataram que o corte durou mais de 20 dias, obrigando‑os a buscar água em caminhões-pipa ou em poços improvisados.

Segundo Marcelo Walace, presidente da ARP, a situação tinha "dimensão crítica" e violava a obrigação legal de prestação contínua. A penalidade, calculada em 42.400 Unidades Fiscais de Palmas (Ufips) conforme a Resolução ARP nº 04/2017, foi classificada como gravíssima.

A empresa tem 15 dias, a partir da notificação, para apresentar defesa. Até o momento, a BRK afirmou que ainda não recebeu formalmente o auto de infração, embora reconheça que está sob investigação.

Reações políticas e pressão sobre a BRK

Reações políticas e pressão sobre a BRK

Na sessão da Câmara Municipal realizada em 02/10/2025, o vereador Walter Viana, do PRB, defendeu medidas mais enérgicas contra a concessionária. "Se não houver mudanças, considerando que ela já atua há 10 anos, eu não estou aqui para passar a mão na cabeça da BRK", declarou, sugerindo intervenção municipal ou até revogação do contrato.

O relator da CPI, vereador Nêgo (PL), destacou que o relatório de 102 páginas já apontava falhas contratuais, mudanças irregulares no controle acionário e falta de fiscalização efetiva. Apesar do documento estar disponível, até hoje nenhum termo de compromisso foi assinado entre a prefeitura e a BRK.

Os moradores, por sua vez, organizaram bloqueios de vias e protestos em frente à sede da concessionária, exigindo solução imediata e punição exemplar. "Já não aguentamos mais ficar sem água, não é só desconforto, é saúde em risco", disse uma moradora do bairro Cardeal.

Possíveis desdobramentos e o futuro da concessão

Se a defesa da BRK for considerada insuficiente, a ARP pode elevar a multa ou até suspender a concessão temporariamente. Outra hipótese discutida na Câmara é a chamada “intervenção municipal”, que permitiria ao Poder Executivo assumir a gestão do saneamento até que um novo contrato seja licitado.

Especialistas em direito administrativo alertam que a revogação de contrato de concessão é medida extrema, pois envolve indenizações e pode criar precedente para outras concessões no país. "É preciso equilibrar o direito do usuário com a segurança jurídica das empresas investidoras", comenta o professor de Direito Público da UFTO, Dr. Carlos Mota.

Enquanto isso, os bairros ainda sofrem com o fornecimento esporádico de água. A BRK informou que está acionando equipes de manutenção emergencial, mas sem indicar prazo definitivo para a normalização completa.

Histórico de conflitos entre a BRK e o município

Histórico de conflitos entre a BRK e o município

Este não é o primeiro embate. Em 2018, a concessionária foi multada em R$ 80 mil por vazamentos excessivos em áreas residenciais. Em 2020, a ARP suspendeu por 48 horas a distribuição de água em um dos bairros mais populosos por falha na bomba principal.

Os relatórios da CPI de 2024 revelaram que, desde o início da concessão, a BRK alterou o controle acionário da empresa três vezes sem aprovação prévia do município, gerando dúvidas sobre a transparência das decisões corporativas.

O ciclo de multas, protestos e sessões parlamentares acabou criando um clima de desconfiança que, segundo análise da Associação de Consumidores do Tocantins (ACT), afeta diretamente a qualidade de vida de cerca de 250 mil habitantes da capital.

Perguntas Frequentes

Qual é a causa principal da falta de água nos bairros afetados?

A ARP apontou "descontinuidade injustificada" do serviço, ou seja, a concessionária interrompeu o fornecimento sem comunicar nem reparar os problemas técnicos, deixando oito bairros sem água por mais de 20 dias.

O que a multa de R$ 195.888,00 representa para a BRK Ambiental?

Equivale a 42.400 Unidades Fiscais de Palmas, preço estabelecido pela Resolução ARP nº 04/2017, e classifica a infração como gravíssima, o que pode gerar sanções adicionais caso a defesa da empresa seja rejeitada.

Quais medidas os vereadores de Palmas estão considerando?

Walter Viana propôs intervenção municipal, revogação ou revisão completa do contrato de concessão. Outros vereadores sugerem a assinatura de um termo de compromisso que obrigue a BRK a cumprir o relatório da CPI dentro de prazos definidos.

Quanto tempo a BRK tem para apresentar defesa?

A concessionária dispõe de 15 dias corridos, contados a partir da data de recebimento oficial do auto de infração, para protocolar sua resposta à ARP.

Como a falta de água afeta a população de Palmas?

Além do desconforto diário, a escassez compromete a higiene doméstica, aumenta o risco de doenças de origem hídrica e força as famílias a arcar com custos extras de água em caminhões‑pipa, impactando diretamente o orçamento familiar.

16 Comentários

Lucas Santos
Lucas Santos
7 out 2025

A imposição da multa evidencia a necessidade de rigor na regulação dos serviços públicos; a concessionária tem obrigação legal de garantir fornecimento contínuo, sob pena de sanções severas. O valor de R$195,8 mil reflete a gravidade da infração, conforme a Resolução ARP nº04/2017. É imprescindível que a BRK apresente defesa dentro do prazo estabelecido, sob pena de agravamento das penalidades. Ademais, a intervenção da ARP demonstra o comprometimento do poder público em salvaguardar direitos dos consumidores. 😊

Larissa Roviezzo
Larissa Roviezzo
10 out 2025

Gente isso é um escândalo total a cidade inteira ficou sem água e a gente ainda tem que aturar desculpas esfarrapadas da BRK não dá pra acreditar a gente merece melhor serviço não aceita mais esse descaso

Luciano Hejlesen
Luciano Hejlesen
12 out 2025

É lamentável observar como a gestão da BRK se transformou em um espetáculo tragicômico 🎭; a falta de transparência e a negligência operacional são tão evidentes que quase nos dão vontade de aplaudir a própria incompetência 🤦‍♂️. Essa situação só comprova que o discurso de responsabilidade corporativa é mera fachada, e que o real objetivo é maximizar lucros às custas da população 🤬. Que vergonha para o setor de saneamento, realmente.

Ryane Santos
Ryane Santos
15 out 2025

A multa de quase duzentos mil reais imposta à BRK Ambiental não é apenas um número, mas um indicativo claro de falhas sistêmicas que perduram há anos. Desde a concessão em 2015, a concessionária tem sido alvo de reclamações recorrentes, como demonstra o histórico de multas anteriores por vazamentos e interrupções. O relatório da CPI de 2024 já apontava alterações no controle acionário sem a devida aprovação municipal, o que levanta dúvidas sobre a governança da empresa. A interrupção de água por mais de 20 dias nos bairros citados afetou milhares de residentes, comprometendo higiene, saúde e orçamento familiar. Caminhões-pipa e poços improvisados surgiram como soluções emergenciais, mas não substituem a prestação regular de um serviço básico. A ARP, ao classificar a infração como gravíssima, demonstra que a regulação está disposta a responsabilizar a concessionária quando necessário. Entretanto, a falta de um termo de compromisso assinado entre prefeitura e BRK indica um vácuo institucional que pode atrasar soluções efetivas. Os vereadores sugerem intervenções que vão desde a revisão contratual até a revogação completa, mas cada medida tem implicações legais e financeiras. A revogação de contrato, por exemplo, poderia gerar indenizações substanciais e criar um precedente que afetaria outras concessões no país. Por outro lado, a possibilidade de intervenção municipal oferece ao poder público um controle direto, embora demande estrutura e recursos adequados. Especialistas alertam que o equilíbrio entre direitos dos usuários e segurança jurídica das empresas é delicado e requer diálogo transparente. É provável que a BRK apresente uma defesa dentro do prazo de 15 dias, mas a eficácia dessa resposta dependerá da consistência das evidências apresentadas. Caso a defesa seja considerada insuficiente, a ARP pode elevar a multa ou até suspender temporariamente a concessão, o que seria um marco regulatório. A população, cansada de esperar, tem se mobilizado em protestos e bloqueios, reforçando a pressão social sobre os gestores. Em suma, o desfecho deste caso poderá redefinir o panorama do saneamento em Palmas e servir de referência para futuras políticas de concessão no Brasil.

Lucas da Silva Mota
Lucas da Silva Mota
18 out 2025

Não dá pra aceitar que a BRK deixe a gente sem água por tanto tempo; precisamos de ação concreta e fiscalização rigorosa.

Ana Lavínia
Ana Lavínia
20 out 2025

A multa, de R$ 195.888,00, representa, sem dúvida, um marco; porém, a BRK ainda não recebeu formalmente o auto de infração, o que levanta, ao mesmo tempo, questões legais e operacionais; será que a empresa vai apresentar defesa dentro do prazo? É imprescindível que a ARP acompanhe de perto todo esse processo, para evitar novas interrupções!

Joseph Dahunsi
Joseph Dahunsi
23 out 2025

mano olha eu não sei como vcs tão aguentando, 20 dias sem água é demais 🤷‍♂️ tem que cobrar mais, quem sabe a prefeitura não faz nada, vamo ficar de olho

Cinthya Lopes
Cinthya Lopes
25 out 2025

Ah, claro, a briga entre prefeitura e concessionária deve ser o novo reality show da cidade – quem diria que saciar a sede humana seria tão dramático. Enquanto isso, a água continua a ser um luxo temporário.

Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves
Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves
28 out 2025

Concordo plenamente com a análise detalhada, realmente precisamos de mais transparência e ações rápidas. Vamos ficar de olho nas próximas decisões.

Rachel Danger W
Rachel Danger W
30 out 2025

Eu sempre suspeitei que grandes corporações têm acordos obscuros com políticos; essa história da BRK parece exatamente aquele plano oculto para controlar recursos vitais e deixar a população vulnerável.

Davi Ferreira
Davi Ferreira
2 nov 2025

Vamos nos unir e cobrar mudanças! Cada voz conta e juntos podemos pressionar por um serviço de água decente e contínuo.

Circo da FCS
Circo da FCS
4 nov 2025

Isso é inacreditável

João Paulo Jota
João Paulo Jota
7 nov 2025

Claro, porque a solução é colocar tudo nas mãos do governo federal, né? Só falta cobrar imposto extra pra pagar a infraestrutura.

vinicius alves
vinicius alves
10 nov 2025

Bom, o caso tem aquele vibe de burocracia exagerada, tudo cheio de termos técnicos e pouca ação prática – um clássico de gestão ineficiente.

Mauro Rossato
Mauro Rossato
12 nov 2025

Olha só, mais um capítulo da novela da falta d'água. A galera merece respeito, não ficar dependente de caminhão‑pipa sempre.

Tatianne Bezerra
Tatianne Bezerra
15 nov 2025

Vamos, pessoal! Não aceitamos mais esse descaso! Exijam serviço de qualidade agora, e façam barulho até ser ouvido!

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